O empresário Francisley Valdevino da Silva, amplamente conhecido como “sheik dos bitcoins”, é acusado de causar danos financeiros massivos a milhares de investidores no brasil e no exterior, por meio da criação de empresas fraudulentas focadas em criptomoedas que prometiam lucros garantidos. Seus esquemas têm atraído a atenção de diversas pessoas famosas, incluindo o ex-jogador do Corinthians, Jucilei, que, de acordo com uma reportagem do programa Fantástico, veiculada no dia 15 de setembro, investiu impressionantes R$ 45 milhões nessa fraude.
Outra notória vítima do esquema de Valdevino é Sasha Meneghel, filha da renomada apresentadora Xuxa. Sasha decidiu processar o empresário em uma tentativa de recuperar R$ 1,2 milhão que investiu, evidenciando o alcance e a gravidade do golpe. Este alerta é fundamental, pois representa não apenas perdas financeiras individuais, mas também o impacto negativo que esse tipo de golpe pode ter em investimentos e na confiança pública em novos métodos de investimento, particularmente no setor de criptomoedas.
Francisley Valdevino se tornou réu também em processos nos Estados Unidos, onde enfrenta acusações semelhantes. Sua prisão por uma operação da Polícia Federal em agosto deste ano, em Curitiba (PR), revelou como ele se especializou na criação de empresas que ostensivamente pretendiam atrair investimentos em criptomoedas, prometendo retornos extraordinários. As investigações indicam que a prática dele envolvia esquemas bem elaborados para enganar os investidores com promessas de lucros elevados e garantidos.
Uma das empresas identificadas como parte desse golpe é a Forcount, que começou suas operações em 2015 e foi lançada de fato no mercado em 2017. Para esconder sua verdadeira identidade como proprietário, Valdevino escalou um ator para se passar pelo CEO da companhia. O ator, conhecido como Salvador Molina, foi utilizado para criar uma fachada convincente que envolvia chamar a atenção de potenciais investidores.
Investigadores dos Estados Unidos, em colaboração com a Polícia Federal brasileira, descobriram que não existia realmente um CEO chamado Salvador Molina, mas sim um ator chamado Nestor Nunes, que, apesar de seu talento, era apenas parte de um elaborado teatro montado para atrair investimentos. Nunes, de origem uruguaia e residente no brasil por 36 anos, estava envolvido em produções cinematográficas antes de aceitar o papel na fraude.
No auge do funcionamento da Forcount, a empresa conseguiu atrair cerca de 30 mil investidores de diferentes partes do mundo. Para promover sua imagem e ampliar sua captação de recursos, a Forcount organizou eventos glamorosos em locais como Las Vegas, Punta Cana, Panamá e Dubai, sempre com a promessa de elevados retornos sobre os investimentos em criptomoedas. Contudo, após quatro anos de operação, a verdadeira natureza dessa “oportunidade” começou a vir à tona, resultando em prejuízos milionários para os investidores que confiaram em suas promessas.
A descoberta das atividades ilícitas de Valdevino revelou que o que parecia ser uma visão empreendedora era, na verdade, um esquema de pirâmide, avaliado em prejuízos superiores a US$ 50 milhões para os investidores. Além disso, durante a colaboração entre as autoridades americanas e brasileiras, os agentes tiveram conhecimento de que Valdevino já estava sob investigação no brasil há algum tempo. Além da Forcount, ele já enfrentava problemas com outras empresas que administrava, como Rental Coins e Interage, cujos esquemas juntos movimentaram cerca de R$ 4 bilhões no brasil em 2022.
Após sua prisão, Francisley Valdevino passou a ser considerado suspeito dos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraudes contra o sistema financeiro. Nos Estados Unidos, ele também é réu em um processo similar. Sua defesa, por outro lado, alega que a empresa Forcount nunca teve a intenção de prejudicar os investidores e que a situação é resultado de uma má administração financeira. Segundo o advogado do empresário, o ator envolvido nunca foi uma ponte para o delito, enfatizando que as perdas não foram intencionais.
A situação de Valdevino é um alerta para investidores em potencial sobre a necessidade de cautela ao considerar propostas de investimento em criptomoedas, destacando a importância de diligência e pesquisa antes de confiar seu dinheiro a qualquer oportunidade promissora, especialmente quando surgem promessas de lucros garantidos.