Na última sexta-feira, o dólar apresentou uma significativa queda em relação ao real, encerrando o dia abaixo da marca de 5,60 reais. Essa movimentação reflete um forte recuo da moeda norte-americana também em outros mercados internacionais, impulsionada por expectativas em torno de uma possível redução mais acentuada nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) na próxima semana. O fechamento da moeda à vista se deu com uma desvalorização de 0,89%, cotada a 5,5675 reais, enquanto a taxa acumulada para a semana registrou uma queda de 0,39%.
Às 17h04, os contratos futuros do dólar também seguiam em baixa, apresentando uma queda de 1,12%, com um preço de 5,5740 reais para a venda. Durante todo o pregão, o dólar mostrou uma tendência de desvalorização em relação ao real, acompanhando a queda da moeda americana frente a outras divisas ao redor do mundo. Esse movimento foi acompanhado por uma diminuição nas taxas dos Treasuries, o que sugere que os investidores estão considerando a possibilidade de um corte de 50 pontos-base das taxas de juros na próxima reunião do Fed, ao invés do já esperado corte de 25 pontos-base.
Esse ajuste nas expectativas de mercado foi influenciado por declarações do ex-presidente do Fed de Nova York, Bill Dudley, que argumentou a favor de um corte de 50 pontos-base, citando que os atuais níveis de juros nos Estados Unidos estão 150 a 200 pontos acima da taxa considerada neutra para a economia. Além disso, reportagens recentes de publicações renomadas como o The Wall Street Journal e o Financial Times destacaram que a decisão do Fed na próxima semana pode ser mais incerta do que o que a maioria dos analistas e investidores havia previsto.
Guilherme Suzuki, sócio da Astra Capital, comentou que o recente enfraquecimento do dólar se deve ao aumento das chances de um corte de juros mais significativo por parte do Fed. Ele observou que o mercado estava inicialmente precificando uma redução de 25 pontos-base, mas os dados sobre a inflação, que mostram um arrefecimento, indicam um cenário propício para um corte maior. Suzuki acrescentou que o potencial corte de 50 pontos-base poderia ter um impacto positivo nas taxas de juros brasileiras, previstas para aumentar em 25 pontos-base na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (copom), elevando a Selic para 10,75% ao ano.
Com estas expectativas em jogo, a diferença de taxas a favor do brasil aumentaria, tornando o país ainda mais atraente para investimentos internacionais. No início do dia, o dólar à vista atingiu uma cotação máxima de 5,6272 reais, mas logo caiu para uma mínima de 5,5450 reais. Essa variação acentuada ilustra como o mercado reagiu rapidamente às novas informações sobre as políticas monetárias do Fed.
Entretanto, Suzuki alerta que outros fatores ainda podem impactar as cotações do dólar no futuro, como incertezas em relação ao orçamento do governo brasileiro para 2025 e os conflitos geopolíticos, como os embates no Oriente Médio e as tensões entre Rússia e Ucrânia. Além disso, há preocupações sobre uma possível recessão nas economias centrais, que também são variáveis a serem consideradas no cenário cambial.
Já no final da tarde, o desempenho do dólar foi negativo frente a quase todas as principais moedas globais. O índice do dólar, que mede a força da moeda americana em comparação a uma cesta de seis outras divisas, apresentava uma leve queda de 0,05%, registrando 101,110. Em uma ação para manejar a volatilidade do mercado, o banco central brasileiro vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicionais que foram ofertados em um leilão, visando a rolagem do vencimento programado para 1º de novembro de 2024. Essa movimentação é um reflexo das estratégias do banco central para estabilizar o sistema financeiro e recompensar os investidores em momentos incertos.
Assim, a combinação de fatores internos e externos continua a moldar o panorama cambial, e será fundamental acompanhar os próximos passos do Fed e as dinâmicas econômicas locais para entender a trajetória do dólar no brasil.