A 6ª Conferência da Diáspora Africana nas Américas começa hoje em Salvador, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Este evento internacional ocorrerá também amanhã, no Wish Hotel da Bahia, e no sábado, no Centro de Convenções de Salvador. O encontro reúne líderes de diversos países, ministros, intelectuais e representantes de movimentos negros, com o objetivo de discutir questões fundamentais relacionadas à diáspora africana e seus impactos sociais. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, estará presente e já concedeu uma entrevista exclusiva ao Grupo A TARDE, onde discute a relevância da Conferência para a formulação de políticas públicas voltadas à equidade racial. Anielle destaca a importância de a Bahia ser o palco desse debate, levando em conta as experiências históricas dos povos negros e a necessidade premente de desenvolver estratégias que enderecem as desigualdades.
Em suas palavras, a ministra enfatiza a relevância desse evento, não apenas por seu simbolismo, mas também por suas implicações práticas. A Conferência visa fortalecer os vínculos históricos e culturais entre os países da diáspora, promovendo um diálogo construtivo entre representantes governamentais e da sociedade civil. Anielle expressa sua alegria em estar em Salvador, ressaltando a honra de participar de um encontro que se conecta com os legados dos antepassados e propõe um futuro mais justo. O Brasil, como detentor da maior população negra fora da África, desempenha um papel crucial nessa discussão, apoiado por duas décadas de políticas afirmativas voltadas para a promoção da igualdade racial.
A Conferência também representa uma oportunidade inédita: pela primeira vez, os países da diáspora têm a chance de serem ouvidos no processo preparatório para o Congresso Panafricano, que acontecerá em novembro no Togo. Anielle aponta que o Brasil se coloca como um protagonista nessa articulação, o que revela não apenas reconhecimento, mas também uma liderança na agenda de promoção da igualdade racial e reparação histórica. A expectativa é que esse encontro fomente a discussão, resultando em acordos bilaterais e multilaterais que fortaleçam as relações econômicas, culturais e sociais entre a América e o continente africano.
A ministra destaca ainda que a institucionalização da agenda pela igualdade racial no Brasil é um processo que tem avançado ao longo de duas décadas, fundamentado em políticas públicas que visam transformar a sociedade brasileira. Iniciativas como as cotas raciais nas universidades e a promoção de ações afirmativas são exemplos de como a equidade racial tem sido levada a sério. O compromisso do Ministério da Igualdade Racial é, portanto, abordar a luta contra a desigualdade em todas as esferas da vida social, incluindo cultura, saúde, educação e trabalho.
Com relação a ações práticas, o ministério firmou um acordo com a Universidade Federal Fluminense para fortalecer organizações sociais que combatem o racismo no esporte. Esse projeto tem como meta oferecer suporte técnico e financeiro a vinte propostas de diferentes entidades da sociedade civil, com recursos de até R$ 80 mil. Essa iniciativa busca não apenas promover a igualdade racial, mas também reconhecer a importância de apoiar as organizações que desempenham um papel crucial no enfrentamento das desigualdades sociais.
Anielle Franco também reconhece que, embora haja avanços significativos, muito ainda precisa ser feito para garantir igualdade racial no Brasil. O desafio está em manter a questão da igualdade no cerne das discussões, tanto nas esferas públicas quanto privadas. A ministra destaca que o desenvolvimento social só será completo quando todas as pessoas tiverem acesso às mesmas oportunidades e quando a diversidade for tratada como uma riqueza a ser celebrada.
Outro aspecto importante é o compromisso do ministério em abordar a interconexão entre o combate ao racismo e outras formas de violência, como a que afeta mulheres e juventude. Com iniciativas que envolvem múltiplos ministérios e setores da sociedade, o objetivo é garantir uma abordagem abrangente que não deixe ninguém para trás.
Em síntese, a 6ª Conferência da Diáspora Africana nas Américas emerge como uma plataforma vital para discutir e promover a igualdade racial, enfatizando a importância da inclusão e da reparação. A fala da ministra Anielle Franco reflete não apenas o compromisso do governo brasileiro, mas também a luta contínua por justiça social e dignidade para todos. Essa Conferência não é apenas um evento; é um marco na história da luta dos povos negros e uma oportunidade para reimaginar um futuro verdadeiramente igualitário.